Walkes Jacques Vargas informou que Mato Grosso do Sul conta atualmente com cerca de 5 mil profissionais psicólogos
O presidente do Conselho Regional de Psicologia da 14ª Região/Mato Grosso do Sul, Walkes Jacques Vargas – (Foto: A Crítica)
Em entrevista concedida ao jornalista Carlos Ferreira no programa Giro Estadual de Notícias, levado ao ar pelas emissoras de rádio do Grupo Feitosa de Comunicação, o presidente do CRP14/MS (Conselho Regional de Psicologia da 14ª Região/Mato Grosso do Sul), Walkes Jacques Vargas, reforçou a importância da profissão nos dias atuais, principalmente em razão da pandemia da Covid-19. Ele ainda abordou o fato de profissão de psicólogo ter sido regulamentada no Brasil pela Lei Federal nº 4.119/1962, publicada no dia 27 de agosto de 1962, e que em Mato Grosso do Sul há cinco mil profissionais com inscrição ativa, a maior parte formada por mulheres, representando 85% da categoria.
“A gente acredita que, nos últimos anos, devido à pandemia da Covid-19, as pessoas tiveram um período em que o contato físico e presencial foi diminuído e restringido. Isso atingiu muito as pessoas, afetou a vida e o cotidiano delas. A convivência, o dia a dia e o contato pessoal são importantes para a nossa saúde e para o nosso funcional. Isso é um dos fatores que, nos últimos anos, têm agravado e chamado a atenção da população, da sociedade e das autoridades para esse tema da saúde mental”, ressaltou Walkes Vargas.
Ele destacou também que a velocidade das informações aumentou de uma forma incalculável e acredita que há uma espécie do que a Psicologia chama de manipulação da subjetividade. “As grandes redes de comunicação digital precisam olhar um pouco com carinho para a ética, a forma como divulgam os nossos dados nessas redes e a forma como isso é utilizado. A todo momento as informações chegam e costumamos dizer que está cada um na sua bolha, então, é preocupante essa situação das bolhas e as informações que chegam até nós, precisamos romper essas bolhas, ver informações contraditórias e diferentes, saber ouvir quem pensa diferente da gente, conseguir dialogar, isso é um grande desafio das redes sociais e dos meios de comunicação”, aconselhou.
A convivência, o dia a dia e o contato pessoal são importantes para a nossa saúde e para o nosso funcional
Desafios – Para o presidente do CRP14/MS, o grande desafio para toda a categoria e para a sociedade é a manutenção das políticas públicas, incluindo os dois sistemas de atendimento à população, como o SUS (Sistema Único de Saúde) e o SUAS (Sistema Único de Assistência Social), que sofreram, no último período, com o corte de verbas e de gastos. “A nossa categoria está inserida nessas políticas, e, conforme os recursos vão diminuindo, os equipamentos públicos e os atendimentos também são restringidos, acabando por serem sucateados. Poucas pessoas têm condições financeiras para procurar o serviço privado e, por isso, sempre falamos da importância do serviço público para que toda a população seja atendida e não somente quem pode pagar”, argumentou.
Walkes Vargas ressalta que a principal mudança nessa história de 60 anos da regulamentação da profissão foi deixar de ser um serviço somente para ricos. “Em 1962, quando a nossa profissão foi regulamentada, a visão era totalmente essa, de que consultar um psicólogo era algo para a elite, uma profissão voltada para atender os ricos. Atualmente, nós celebramos essa mudança de visão, pois a nossa categoria está à disposição para atender todas as camadas da nossa sociedade. Toda a população tem o direito de buscar um serviço de psicologia e o nosso desafio é continuar ampliando esse atendimento para que todas as pessoas possam ter acesso a um profissional de psicologia”, afirmou.
Walkes Vargas ressalta que a principal mudança nessa história de 60 anos da regulamentação da profissão foi deixar de ser um serviço somente para ricos
Ele completou que, quando assumiu o Conselho Regional, o nome da sua chapa trazia a palavra territórios justamente porque tinha como proposta acessar todo o território sul-mato-grossense. “Uma das primeiras coisas que nós fizemos foi organizar dentro do Conselho uma comissão de interiorização de fronteiras, que é um grupo de profissionais que vai ficar dentro do CRP14/MS para fazer esse diálogo, uma questão territorial, do interior do Estado, das nossas fronteiras, com a aquela população que realmente precisa de um atendimento bem específico, mas também de qualidade. Além disso, o nosso foco também é nas políticas públicas, que é a forma que nós acreditamos que todas as pessoas podem ter acesso ao nosso serviço”, pontuou.
Projeto de lei – Em Campo Grande, o presidente do CRP14/MS informou que está tentando junto aos poderes Executivo e Legislativo a aprovação de um projeto de lei sobre saúde mental, que nada mais é que a reescritura da portaria do Ministério da Saúde. “No último período, houve uma ameaça do Governo Federal de revogar todas as portarias que falam sobre o atendimento da população especificamente na área da saúde mental. Então, aqui na Capital, temos atuado nesse sentido para que seja criada uma lei municipal para que, independentemente do governo que entre ou saia, tenhamos regulamentado em lei quais são os serviços de atendimento aos usuários na área da saúde mental”, declarou.
Walkes Vargas acrescentou que também está reivindicando a inserção de psicólogos e assistentes sociais na rede pública de educação, pois acredita que as escolas são o espaço em que a categoria precisa estar inserida, já que tem muito a oferecer a essa população do contexto escolar. “As pessoas até perguntam se vamos fazer um atendimento de saúde dentro da escola e respondemos que não, explicando que queremos contribuir no contexto pedagógico dentro da unidade escolar para o desenvolvimento da criança e do adolescente, bem como para a equipe que trabalha nas escolas, principalmente os profissionais da educação”, exemplificou.
Walkes Vargas acrescentou que também está reivindicando a inserção de psicólogos e assistentes sociais na rede pública de educação
Para ele, o diálogo, a fala, o contato e a comunicação com crianças e adolescentes é totalmente diferente, sendo importante que se tenha profissionais qualificados para atender essa população. “Nós também temos uma comissão de comunicação e cultura que está se debruçando e trabalhando na questão do uso excessivo da Internet. Nós sabemos que a tecnologia é importante e não somos contrários à sua evolução, pelo contrário, sabemos que a tecnologia pode nos ajudar a viver melhor”, avaliou.
Coleta de dados
O presidente do CRP14/MS argumentou que essa comissão de comunicação, entre as várias coisas que pretende atuar, está a coleta das iniciativas existentes no Estado e os profissionais que atuam nessa questão da comunicação e do acesso exagerado, bem como sobre a falta de acesso à tecnologia, pois, se temos pessoas que ficam acessadas 24 horas por dia, também temos aquelas que não têm acesso nenhum. “Nós também fazemos parte do Fórum Nacional de Democratização dos Meios de Comunicação para debater esses temas e ver uma forma de ter isso regulamentado em lei para que tenhamos acesso saudável aos meios de comunicação, sejam por smartphones, sejam por notebooks, sejam por tablets”, detalhou.
Na avaliação de Walkes Vargas, é importante lembrar que, quando a profissão foi regulamentada em 1962, em Mato Grosso do Sul somente em 1967 que foram abertos os primeiros cursos de Psicologia. “O nosso território tem uma parte importante nessa história ao abrir o curso no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Corumbá e no campus da antiga FUCMAT (Faculdades Unidas Católicas do Mato Grosso) em Campo Grande, atualmente UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Hoje nós temos 13 cursos de Psicologia em Mato Grosso do Sul no nível de graduação, para ver o quanto a profissão cresceu e como a procura tem aumentado também”, revelou.
Nós sabemos que a tecnologia é importante e não somos contrários à sua evolução, pelo contrário, sabemos que a tecnologia pode nos ajudar a viver melhor
Ele informou que o CRP14/MS enxergou isso de uma forma positiva, pois mostra que as pessoas estão olhando mais para a humanização das relações. “Com relação ao mercado de trabalho, o mais interessante é que nós rompemos as quatro paredes dos consultórios e chegamos em todos os lugares. O que antigamente era uma área de atuação, que era a clínica, hoje nós estamos por volta de umas 13 áreas de atuação, então, é possível ver psicólogos trabalhando no trânsito, na saúde, na assistência social, na educação, na segurança pública, nas empresas, nos esportes e nas áreas das emergências e desastres, que visa justamente trabalhar com a questão de ajudar as populações de lugares afetados por alguma emergência, algum acidente, a própria pandemia”, destacou.
O presidente do CRP14MS disse que costumo dizer que onde tiver subjetividade humana, há trabalho para um psicólogo. “Há pessoas em atendimento clínico que se sentem mais à vontade com profissional do gênero masculino por questões da própria experiência de vida, pois procuramos alguém para falar de coisas pessoais, então, a escolha pelo sexo do profissional é muito particular de cada paciente. No caso de interesse pela profissão, com certeza o gênero feminino é o que mais procura o curso de Psicologia, mais de 90% é formado por mulheres”, finalizou.
Confira a entrevista completa no canal do YouTube do CRP14/MS.
Fonte: Jornal A Crítica