No dia 29 de janeiro, é celebrado o dia da Visiblidade Trans, uma data que busca promover reflexões sobre a cidadania e existência de pessoas travestis e transexuais. Além de objetivar discutir sobre os atravessamentos éticos, políticos e identitários do processo de transição.
Auxiliando nesses vários campos, a Psicologia também foi, por vezes, a única área a se posicionar no sentido de apoio a luta de pessoas trans e travestis. Estando a favor da afirmação e reconstrução de um campo técnico e científico em prol do reconhecimento das múltiplas identidades, da dignidade humana, por visibilidade e garantia de direitos.
Para além do âmbito acadêmico, uma das potências do processo terapêutico é auxiliar o sujeito em seu auto conhecimento, sendo por vezes o que possibilita um acesso real a sua identidade e diminui as angústias derivadas da pressão social, preconceito e exclusão, a que pessoas trans são expostas.
Ainda assim, alguns profissionais continuam despreparados para lidar com pessoas trans em seus consultórios e por vezes acabam reproduzindo opressões, transfobias e frases de censo comum, o que perpetua o afastamento de pessoas trans dos sistemas de saúde. Sabemos que há muito a ser feito, principalmente se considerarmos que nos últimos 12 anos o Brasil é o líder no ranking de países que mais matam pessoas trans. Mas também sabemos que a Psicologia, quando aplicada de forma ética, amplia a qualidade de vida e em alguns casos é o que possibilita a vida, de travestis e transexuais.
Portanto datas como esta, fortalecem essa luta diária pela sobrevivência, mas são apenas o começo. Precisam ser respaldadas com ações, políticas efetivas e mudanças reais, que terão impacto em mais que um dia, mas na vida dessa população.
João Vilela
Homem trans e psicólogo
CRP 14/08098-1