Levantamento traz o resultado de mais de 20 mil entrevistas abordando dados sobre formação e inserção no mundo do trabalho, reflexões sobre fazeres e condições profissionais, além de engajamento social
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) acaba de publicar o maior levantamento de informações já realizado sobre o exercício profissional da Psicologia no país: o CensoPsi 2022, que já está disponível no site do CFP.
Intitulado “Quem faz a Psicologia Brasileira? Um olhar sobre o presente para construir o futuro”, o material traz dados compilados em dois volumes: o primeiro aborda temas relacionados à Formação e Inserção no Mundo do Trabalho, enquanto o segundo reúne reflexões sobre Condições de Trabalho, Fazeres Profissionais e Engajamento Social.
Para a realização do Censo, o Conselho Federal ouviu 20.207 psicólogas(os) de todo o país nos anos de 2021 e 2022. A pesquisa foi realizada por meio de questionários virtuais, abordando questões como a pandemia, emprego e o advento de novas tecnologias para traçar transformações em curso na formação e no exercício profissional da Psicologia.
“Podemos afirmar que estamos diante da maior pesquisa já realizada sobre a profissão, o maior levantamento brasileiro, quiçá do mundo, tanto pela amostra de mais de 20 mil psicólogas e psicólogos como pela extensão de aspectos relacionados ao seu exercício profissional”, destaca o coordenador-geral do Censo da Psicologia Brasileira e conselheiro federal, Antonio Virgílio Bittencourt Bastos.
Para a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes, o CensoPsi 2022 concretiza uma importante entrega, à categoria e ao conjunto da sociedade, de informações quanto ao perfil, o funcionamento e as projeções de uma profissão cada vez mais relevante.
“Realizar um levantamento desta amplitude foi um desafio que o XVIII Plenário do CFP assumiu como parte de seu compromisso de qualificar o exercício profissional de psicólogas e psicólogos, bem como de promover a Psicologia como uma ciência e profissão efetivamente comprometida com o cuidado integral e a promoção de direitos”, aponta Ana Sandra.
O que diz o CensoPsi 2022
Em termos de gênero, a Psicologia brasileira continua sendo uma profissão predominantemente feminina, com 79,2% das participantes mulheres e 20,1% de homens. Além disso, 50% das(os) profissionais têm idade de até 39 anos, o que retrata uma categoria de perfil jovem, como aponta a pesquisa.
Outra característica identificada pelo Censo é que as(os) profissionais estão mais concentradas na região Sudeste do país – sendo que somente o estado de São Paulo reúne 28% das(os) psicólogas e psicólogos inscritos. A região Nordeste é a segunda no ranking, seguida do Sul e do Centro-Oeste. O Norte é a região com o menor número de profissionais da Psicologia em todo o país.
Quanto à formação, 72% das psicólogas e psicólogos se graduaram em instituições privadas de ensino e 27% em instituições públicas. Essa proporção se justifica pelo maior número de cursos em faculdades e universidade privadas do que em cursos oferecidos por instituições públicas. Os dados também demonstram que 83% das(dos) psicólogas(os) possuem somente a graduação em Psicologia, enquanto 16,7% das(os) profissionais têm outra profissão ou formação, junto com a carreira psicológica.
Levamento inédito
O CensoPsi 2022 é o primeiro levantamento com dados sobre orientação sexual, gênero, raça e deficiência. Com relação à orientação sexual, 83,8% das(os) profissionais ouvidos se definem como heterossexual, 8% como homossexual, 7,1% como bissexual e 1% como pansexual ou assexual. “Uma novidade dessa pesquisa é que ela foi toda conduzida dentro das normas de respeito à diversidade. Então, a pessoa respondia como gostaria de ser tratada – psicóloga, psicólogo ou psicóloge”, aponta Virgílio Bastos.
Outro eixo fundamental para análise são as transformações que estão ocorrendo na profissão com o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TICs). O coordenador explica que o CensoPsi tem o objetivo de ser um instrumento para acompanhar as transformações em curso na formação e no exercício profissional da Psicologia. “Nossa profissão mudou muito, se ampliou, se desenvolveu e, portanto, não ter esse panorama atualizado é uma grande lacuna, tanto para o Conselho, como para a sociedade, que é a grande interessada no desenvolvimento da Psicologia”, destaca Bastos.
A pesquisa da Psicologia brasileira foi executada em parceria com a Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e com o Grupo de Trabalho Configurações do Trabalho na Contemporaneidade e a Psicologia Organizacional e do Trabalho (GT83), da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), além de apoio do conjunto de entidades que integram o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia (FENPB).
A etapa da coleta de dados foi 100% virtual e foi de outubro de 2021 até março de 2022. Para potencializar a adesão da categoria, uma campanha de divulgação foi realizada pelo Conselho Federal de Psicologia. O questionário trazia uma parte de dados comuns e, a partir das respostas iniciais, as(os) participantes eram direcionadas(os) para diferentes blocos.
O primeiro bloco de questões abordava condições e precarização do trabalho; trabalho decente e influência das novas tecnologias. Já o segundo bloco tratava de questões sobre direitos humanos, democracia e, ainda, uma análise específica de avaliação psicológica.
Resolução CFP nº 30/2022: CensoPsi como ação permanente
A elaboração do CensoPsi 2022 integra as ações realizadas no marco das celebrações pelos 60 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil. O levantamento foi inspirado no estudo “Quem é a(o) psicólogo(a) brasileiro(o)”, cuja edição inaugural teve os seus resultados publicados em 1988, levando a reflexões, àquela época, que apontaram a necessidade de mudanças profundas na forma como a Psicologia se tornava acessível à população e na qualidade da formação oferecida.
O XVIII Plenário aprovou a Resolução CFP nº 30/2022, que estabelece a realização periódica de censo sobre a Psicologia brasileira. O texto, publicado no Diário Oficial da União, estabelece a realização do levantamento a cada cinco anos. “A preocupação foi institucionalizar essa política de acompanhamento, de modo que seja uma política contínua do Conselho Federal de Psicologia”, destaca a presidente do CFP.
Os dois volumes do CensoPsi tiveram pré-lançamento em novembro passado, durante o 6º Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão (CBP). Agora o conteúdo já pode ser acessado em formato on-line por toda a categoria:
Censo da Psicologia Brasileira – Volume 1
Censo da Psicologia Brasileira – Volume 2