Os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos humanos não passou em branco. Em sessão solene com o tema “Ninguém solta a mão de ninguém!”, a data comemorativa foi lembrada em clima de uma cultura da Paz. A proposta do evento saiu das mãos do deputado estadual Pedro Kemp e contou com o apoio do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul.
Na ocasião, o plenário da Assembleia ficou lotado com a participação de autoridades de vários movimentos que batalham pelos direitos fundamentais das pessoas. O principal objetivo da ação foi o de lembrar a importância desta luta nunca se acabar para que seja construída uma cultura de paz e igualdade entre os cidadãos.
Para a Conselheira presidente do CRP14/MS, Irma Macário, o evento representou um momento de reflexão importante. “Atravessamos tempos sombrios, onde a ameaça do autoritarismo volta, assim como a retirada de direitos. Nossa profissão se desenvolveu a partir do compromisso social e, por isso, a Psicologia não compactua com essa realidade bruta. Pelo contrário, nossa ética e atuação tomam como eixo central os Direitos Humanos. Portanto, lutaremos pela preservação dessa garantia universal”, defendeu.
Em sua fala, o deputado Pedro Kemp mencionou o artigo primeiro da Declaração dos Direito Humanos em seu discurso. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Este é início do conceito mais belo que a humanidade pode fazer, trouxe o anseio de uma sociedade onde todos possam viver de forma igualitária e fraternal. O conceito de direitos humanos ainda é confundido com proteção a bandidos, e não é isso, e a violação destes direitos ocorre diariamente. Aqui no Estado há vários exemplos de violação, a situação degradante dos indígenas, o alto índice de violência contra as mulheres, a violência no trânsito, a falta de moradia, a falta de remédios nos postos de saúde. Devemos reacender dentro de nós a chama pelos direitos fundamentais da dignidade das pessoas, portanto ninguém solta a mão de ninguém para
O índio terena Lindomar Ferreira da Silva, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), falou da situação vivida pelo seu povo. “Vemos com muita tristeza a falando, dia após dia de uma ordem de reintegração de posse, sem ordem judicial a ser cumprida. Machuca falar deste tema, mas é preciso que saibam o que passamos em nossas comunidades. Mato Grosso do Sul é o Estado que mais assassina os povos indígenas, mais discrimina, mais desrespeita. Nossas autoridades sequer têm a coragem de apontar um caminho para solucionar a insegurança jurídica que acontece aqui. Embora esse momento seja tão obscuro para os povos indígenas, nós continuaremos a lutar na defesa dos nossos direitos e das futuras gerações”, desabafou.
A assistente social Estela Márcia Rondina, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, disse que era preciso ter esperança. "Há um mundo que há quase 24 horas atrás está celebrando os direitos humanos no mundo inteiro. A luta pelos direitos humanos não tem retorno, podem querer nos matar e até conseguir, mas não darão conta de desfazer todas as estradas que construímos, nem todos os sonhos que nós plantamos. Temos grandes desafios, resolvemos nos juntar por um tempo numa segunda-feira a noite. Esta pequena democracia que construímos ninguém vai esquecer, afinal de contas, há dez anos atrás não teríamos essa representatividade de tantos movimentos diferentes. Temos que aprender a conviver com a diversidade. Precisamos construir amorosidade, acreditando firmemente na capacidade do ser humano de mudar as coisas, e construindo as pontes necessárias para a interação dos movimentos", enfatizou.
Vídeo – A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) enviou uma mensagem a todos os presentes em vídeo. “A defesa dos direitos humanos deve mobilizar a nossa alma. Sejamos nós a declaração viva, a declaração universal dos direitos humanos. Que em cada lugar do Brasil e do mundo toda vida seja dignificada nos termos da declaração, da dignidade e da democracia”, ressaltou.
Carta – A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante dois anos, numa época em que o mundo sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial. Os países eram capitalistas e comunistas e houve desacordo entre as nações até que finalmente foi aprovada no dia 10 de dezembro de 1948, em Paris, às 23h56. Possui 30 artigos e é considerada o documento mais traduzido no mundo, inspirando assim diversas constituições de Estados e democracias recentes.
Apoio – O evento teve o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ADUFMS), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), o Grupo e Trabalho e Estudos Zumbi, a Central Única dos Trabalhadores Mato Grosso do Sul (CUT/MS), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Mato Grosso do Sul (MST/MS), Comissão Regional de Justiça e Paz de Mato Grosso do Sul (CRJPMS), Centro de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos Marçal de Souza /Tupã-I (CDDH), Grupo de Estudos e Pesquisa em Política e Planejamento Educacional, História Formação de Professores e Educação para as Relações Étnico-Raciais (GEPPEHER/UEMS), Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP14/MS), Frente Juristas pela Democracia do Mato Grosso do Sul (MS), Frente Jornalistas Democracia e o Conselho da Pessoa